1) Introdução
A principal finalidade da secagem é o de diminuir o teor de umidade do grão, deixando o grão pronto para a preparação e posterior extração. A secagem pode ser feita naturalmente com o calor do sol e é amplamente difundida no Brasil, porém tem-se uma alta porcentagem de perdas devido por exemplo às condições meteorológicas adversas; por outro lado, este método requer o mínimo de investimento. A secagem pode também ser realizada por meio de secadores mecânicos, que consiste em submeter o grão à ação de uma corrente de ar que atravessa a massa de grãos, fazendo com que ocorra a transferência de massa convectiva; este tipo de secagem apresenta uma série de vantagens com relação à secagem natural, como o de poder ser processada independente das condições do tempo, e também, é realizado em menor espaço de tempo; em contrapartida possui um investimento elevado.
2) Princípio da Secagem Mecânica
O princípio
básico está na capacidade de secagem do ar ambiente aquecido
que é forçado entre os grãos. Quando o ar utilizado
é aquecido, atinge duas finalidades:
a) A pressão
do vapor da água existente nos grãos é aumentada pelo
aquecimento do produto, facilitando assim a saída da umidade. Parte
do calor do ar secante proporciona um aumento da temperatura do produto
(calor sensível), e parte fornece o calor necessário para
a vaporização da água contida nos grãos (calor
latente).
b) A umidade
relativa do ambiente diminui e, consequentemente, sua capacidade de absorver
umidade aumenta. Segundo o equilíbrio higroscópio, a umidade
relativa dos grãos acompanha a diminuição da umidade
relativa do ar secante, havendo então a secagem.
Os grãos
quando submetidos a uma secagem às condições de ar
com temperatura e umidade relativa constantes, tem-se um gráfico
do teor de umidade em função do tempo como o descrito abaixo:
Pode-se observar
que a secagem se processa com maior rapidez nos níveis altos de
teor de umidade e torna-se mais difícil à medida que o produto
vai ficando mais seco. Nos grãos, apresentando um alto teor de umidade,
existe uma parte de “água livre” no início da secagem, e
que é facilmente removida por fluxo de ar seco.
3) Pré-Limpeza
Antes de entrar
no secador, a soja recebe uma pré-limpeza para que possa prosseguir,
como o nome sugere, a mais limpa possível. Existem dois equipamentos
para a pré-limpeza, sendo duas peneiras agitadas e horizontais em
cada equipamento, e como são destinadas para o peneiramento de grãos,
obviamente possuem aberturas circulares. Neste tipo de peneira a agitação
provoca a movimentação das partículas sobre a superfície
de peneiramento. Esta agitação é provocada por um
motor, que é ligado por meio uma correia à uma polia excêntrica
situada na parte inferior do equipamento.
A primeira peneira
(dimensão de 14mm) tem a função de reter a “sujeira”
mais grosseira e deixar passar a soja e as impurezas (casca e grãos
de soja partidos), e a segunda (dimensão de 1/8mm) por sua vez,
retém a soja e deixa passar as impurezas. Como a soja sofre um processo
de coesão, ou seja, as partículas leves tendem a reter na
soja quando a soja é separada, então esta soja é submetida
a uma coluna de ar (exaustor) para separar estas impurezas, que em seguidas
são transportadas através de um exaustor para um silo de
impurezas . As impurezas separadas na segunda peneira, também, são
juntamente mandadas para este silo.
4) Operação do Secador
O secador observado
na fábrica de óleos da Cocamar é basicamente composto
de uma câmara onde os grãos ficam depositados e o ar aquecido
passa por eles; um centro produtor de calor, que através da queima
de um combustível (lenha), o ar é aquecido; e também
um exaustor que força o ar quente a passar pela massa de grãos,
levando estes gases para a atmosfera. Os gases da combustão, antes
de entrarem em contato com a soja, são ciclonados para sedimentar
as partículas resultantes da queima da lenha, isto para que não
haja a alteração das propriedades da soja. Este é
chamado de “ressecador”, porque a soja após sair dos armazéns,
onde foi previamente seca para armazenagem, ela é novamente seca
para o processo que exige uma umidade um pouco inferior.
Existem basicamente
dois tipos de secadores: contínuos e de carga. O secador relatado
é do tipo contínuo, onde o grão da soja entra úmido
na parte superior e é descarregado seco e frio pela parte inferior;
a soja demora aproximadamente 90 minutos desde o topo até a saída.
Os grãos descem continuamente pelo secador pela ação
da gravidade, e dois dispositivos chamados de roscas controlam a vazão
que é praticamente constante, onde a variável manipulada
neste caso é a temperatura da fornalha. As roscas estão ligadas
a um controlador de nível no topo do secador, que faz com que quando
o nível de soja no secador abaixar do nível estabelecido,
a “rosca sem fim” pare até que seja retomado o carregamento dos
grãos.
O secador apresenta
um compartimento superior e outro inferior, sendo que o ar quente passa
através da massa de grãos na parte superior, onde a maior
intensidade da secagem é processada e ao ar frio (na temperatura
ambiente) é forçado através da seção
inferior, onde os grãos são resfriados. Uma parte da secagem
é obtida na parte inferior, embora a principal função
neste estágio, é evitar que os grãos que saiam com
temperatura elevada, que poderá facilitar um novo aumento da umidade
nos grãos posteriormente. A capacidade nominal deste secador é
de 40 toneladas/hora, mas devido à grande demanda, é operado
com aproximadamente 75 toneladas/hora.
Sabe-se que
a umidade ideal da soja na saída deste secador está abaixo
de 10,5%; se a soja estiver com umidade abaixo desta, ela é transportada
direto para os silos sem precisar secar. Constatou-se que a umidade retirada
em cada passagem foi em média 2%, sendo que os operadores fazem
uma análise do teor de umidade da soja que entra e da que sai a
cada 1 hora utilizando-se um aparelho chamado “Universal moisture tester”,
e com o valor encontrado é possível encontrar o teor real
de umidade através de uma tabela de correção. Para
a análise no “Universal moisture tester” é utilizada uma
massa de 60 gramas de soja, que é colocada em um recipiente em que
existe uma compressão da ordem de 575, acionando-se assim o gerador
de corrente elétrica (Ohmimetro); a condutibilidade da corrente
é maior ou menor, de acordo com a umidade da massa.
A temperatura
da fornalha é elevada ou reduzida de acordo com a umidade dos grãos
de entrada, porém, os operadores sabem como alterar a temperatura
da fornalha apenas pela prática. A temperatura ideal para a secagem
da soja é abaixo de 50?C, pois acima desta temperatura pode ocorrer
a deterioração das suas propriedades, no entanto, como a
secagem depende de variações como a da umidade relativa do
ar, a temperatura da fornalha pode atingir temperaturas de ate 120?C na
operação.
Os operadores
controlam a origem e a quantidade existente de soja na célula do
armazém que está carregando o secador, assim como para que
silo a soja será enviada após a secagem.
Os operadores
controlam a quantidade de soja nos silos contando seus “anéis”,
sendo que cada anel corresponde a aproximadamente 40 toneladas. O silo
1 possui 49 anéis e o silo 2 possui 50 anéis.
5) Partida do Secador
Após a
parada do secador para manutenção de um equipamento, observou-se
a seguinte partida:
a) Primeiramente
encheu-se totalmente o secador com soja, e logo após acendeu-se
a fornalha;
b) A partir
disto, a soja foi recirculada no secador através do elevador 18,
e coletou-se amostras a cada 30 minutos para análise da umidade.
Quando a soja atingiu o nível do teor de umidade aceitável,
liberou-se o elevador 19 para começar a transportar a soja para
os silos.
Como a parada
foi demorada e precisava de soja para abastecer os silos, a soja do armazém
foi liberada mesmo com umidade acima da recomendável.
6) Modelo
dos Equipamentos
a) Secador
de Cereais:
- Kepler Weber;
- Modelo : 11 40 700;
- Capacidade : 40 toneladas;
- Ano : 1981.
b) Peneiras:
- Buhler - Miag.
7) Cálculos
7.1) Cálculo da Perda de Peso(Água Evaporada):
% Umidade inicial:
UI = 11,40 %
% Umidade final
: UF = 9,68 %
% de perda de
peso = 100.(UI-UF) / (100-UF)
= 100.(11,4-9,68) / (100-9,68)
% de perda de
peso = 1,90 %
Como a massa
de soja que entra no secador em 1 hora é m = 75000 Kg, então
a massa de água evaporada é:
7.2) Balanço de Energia:
Temperatura de
operação do secador : Tsai = 50?C
Temperatura
ambiente : Ten = 28 C
Da tabela de
vapor d’água temos que:
Com Tsai ; Hsai
= 49,9976 Kcal/Kg
Com Tem ;
Hen = 28,0477 Kcal/Kg
Equação
do Balanço de Energia(A massa de soja no secador em 1 hora é
o sistema escolhido):
# Ec e Ep = 0
# regime permanente
# não
há trabalho
Integrando, a
equação fica:
Q = m.(Hsai
– Hen)
Q = 1428,26.(49,9976
– 28,0477)
7.3) Cálculo da Quantidade de Lenha:
PCI (lenha) = 4500 Kcal/Kg
Q = m . PCI
31350,16 = m.4500
7.4) Cálculo de Ar:
Composição Média da Lenha: 50,22% de C; 6,29% de H; 0,06% de N e 43,05% de O.
a) Carbono:
C
+ O2
-- CO2
12
-- 32
1 Kg C ?
X
100 Kg de AR
-- 23 Kg O2
X
-- 2,667 Kg O2
H2
+ O2
-- H2O
2
-- 16
1
-- X
100 Kg de Ar
-- 23 Kg O2
X
-- 8 Kg O2
c) Nitrogênio:
N
+ O2
-- NO2
14
-- 32
1 Kg de N
X
c) Oxigênio (Desconta-se o valor presente na lenha):
100 Kg Ar
-- 23 Kg O2
Então:
X = 100/23 = 4,35 Kg Ar/Kg O2
Somando tudo,
temos a massa final de Ar:
m = 11,6.(%C)
+ 34,8.(%H) + 9,94.(%N) – 4,35.(%O)
m = 11,6.(0,5022)
+ 34,8.(0,0629) + 9,94.(0,0006) – 4,35.( 0,4305)
Obs:
Para que se tenha uma combustão completa, utiliza-se para a lenha
até 500% de excesso de Ar.