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EXTRAÇÃO

          1) Introdução

          Os óleos vegetais e seus derivados utilizados como alimento, produtos de beleza, tratamento de pele, tintas, vernizes e lubrificantes, são conhecidos desde os primórdios da história humana. Sua utilização teve início com o linho e o algodão no antigo Egito (10000 a.C.), passando pela extração de óleos de azeitonas pelos gregos e romanos.
          Até o século XVI, a produção de óleo limitava-se a indústria caseira, e era considerada atividade secundária da agricultura. No século XIX, foram introduzidas as prensas hidráulicas no processo de extração, resultando num melhor rendimento de óleo, cujo resíduo na torta variava de 5 a 10%, sendo que a primeira prensa foi utilizada em 1877 por Martiche. Em 1904, Anderson introduziu as prensas contínuas, chamadas de “expeller”, que são utilizadas ainda hoje por algumas oleaginosas.
          A primeira experiência na extração com solvente (CS2) foi efetuada por E. Deis nos meados do século XIX. A partir dos anos 50, houve uma grande evolução em termos de instalações para extração, com a utilização cada vez mais crescente de solvente (hexano), acompanhada de produção em grande escala, o que reduziu custos, tornando as instalações mais econômicas. Praticamente não houve alterações entre as etapas de processo e os equipamentos utilizados no início do século, por outro lado, houve o desenvolvimento de novos materiais de construção e características mecânicas que propiciaram aos equipamentos utilizados maior capacidade, qualidade do produto, produtividade e rentabilidade das instalações.

          2) Princípios da Extração

          A extrusão de solvente é a transferência de uma espécie de soluto de sua localização inicial para um solvente conhecido como solvente de extração. A extração de óleo de soja é o processo para se retirar o óleo contido em seu interior, utilizando-se um solvente apropriado que passa através da massa de soja, e que são previamente condicionadas para o processo.
          Como o soluto (óleo) constitui parte de um sólidos, o processo é chamado extração sólido-líquido. Na extração sólido-líquido, um constituinte do sólido é transferível é transferível para um solvente de extração e em seguida é separado do restante do sólido. O material extraído não é necessariamente um sólido, mas pode apresentar-se no sólido principal na forma líquida, sendo que no caso da soja ela é úmida devido a presença de óleo extraível.
          A extração do óleo de soja é um exemplo de um processo de lixiviação, no qual o objetivo não é somente a extração do óleo, mas também a recuperação do farelo, que é caracterizado pelo seu grande consumo no mercado de ração animal.
          O solvente utilizado para a extração deve ter uma afinidade altamente seletiva pelo soluto desejado, e também que as substâncias inertes sejam insolúveis no solvente. O óleo de soja é extraído utilizando-se o hexano como solvente, onde há uma grande eficiência na transferência do óleo e sem haver a solubilização de outros componentes, não prejudicando assim as propriedades do farelo, como por exemplo as proteínas. A quantidade ótima para extração do óleo de soja com hexano é de 1 m3 para cada tonelada de soja processada. O solvente permanece praticamente estacionário nos poros do sólido, de onde a imigração do soluto até as zonas exteriores se produz por difusão sem que haja praticamente a convecção, porém a passagem do soluto da superfície do sólido para a massa da dissolução é realizada por convecção ou movimento da massa líquida. A velocidade da extração depende basicamente do teor de óleo do produto e da temperatura do solvente usado na extração.
          As etapas da extração são simplificadamente:
          a) extração - propriamente dita;
          b) dessolventização e tostagem do farelo;
          c) destilação da miscela;
          d) recuperação do solvente.

          2.1 - Operação do Extrator

          O processo de extração de óleo de soja da Cocamar é realizada com solvente (hexano) e se desenvolve em diversas fases, ou seja, a miscela é substituída por solvente ou miscela menos concentrada, e também é definida como contracorrente absoluta, pois não só o solvente/miscela estão em movimento, mas também a massa da soja. O extrator opera com depressão de aproximadamente 5 a 6 mmH2O, e todo o solvente é recuperado posteriormente nos condensadores.
          O solvente entra pela bomba P1 no extrator e cai no funil inferior do extrator, e em seguida é novamente recolocado no extrator (agora já em forma de miscela, que é a mistura de óleo e hexano) pela bomba P3H, e assim também continua com as bombas P3G, P3F, P3E, P3D, P3C, P3B e P3A, até que a bomba P15 recebe a miscela final para transportar até o tanque 17, onde ficará armazenada até a próxima etapa, que é a evaporação. Todas a bombas P3 possuem camisas de vapor para aquecimento, objetivando-se manter a temperatura da extração entre 50 a 55°C. Desta forma, a miscela flui de um funil para o outro, sempre em sentido contrário ao da massa de soja. O solvente/miscela, ao entrar no extrator pela parte superior, é homogenizado na massa pelo que se chama de tremonhas, ou seja, são chuveiros que fazem a aspersão de solvente/miscela, totalizando 8 chuveiros. A irrigação é feita em contracorrente porque a massa com menos óleo é porcolada pela miscela com menor concentração de óleo, e consequentemente, com maior poder de diluir e dissolver o óleo presente. O óleo que sai do tanque 17 e vai para os evaporadores pela bomba P8, e que passa através de um filtro para reter as partículas da extração, é utilizado então uma parte deste óleo para lavar a esteira do extrator com a finalidade de limpar o farelo que estiver fixado, e que atrapalha na drenagem da miscela. Esta lavagem é feita com os chamados “chuveiros”; existem 2 na saída do farelo e 1 na entrada, porém utiliza-se somente 1 de cada lado. As bombas P2A e P2B drenam esta miscela da lavagem da esteira e retornam novamente para dentro do extrator. A soja por sua vez é transportada da etapa da preparação pelo redler 1 e alimenta a rosca 8 que transporta até a entrada do extrator.
          O equipamento de extração da Cocamar é da De Smet, que opera em sistema contínuo, e é também conhecido como extrator de esteira, pois a massa de soja é transportada dentro do extrator por meio de uma esteira. Esta esteira tem rotação controlável de acordo com a alimentação de soja, e para uma produção de 73 toneladas por hora, a frequência da esteira é em média 87 Hz. No final da esteira, existe o quebrador 3G, que tem a  finalidade de não deixar o farelo cair na rosca 4 em forma de “blocos” para não haver entupimentos, isto porque a massa de soja atinge uma altura de 2,10 metros dentro do extrator. A rosca 4 transporta o farelo até o redler 5, que por sua vez alimentará o farelo no dessolventizador-tostador.
          A soja precisa estar com a umidade ideal para a extração, pois pode ocorrer problemas se a umidade estiver muito alta ou muito baixa. O operador detecta estes problemas através dos visores na parte superior do extrator e que possuem luzes especiais (anti-explosão) e permitem uma perfeita visualização da operação; quando a soja está muito úmida o solvente não penetra homogeneamente na massa, formando um monte (leira) baixo e esparramado e, quando está muito seca o solvente também não penetra, e o monte (leira) fica mais alta. Nos dois casos há riscos do solvente começar a voltar, então o operador diminui a vazão do solvente/miscela e procura solucionar o problema comunicando o operador na etapa de ressecagem.
          A bomba P3G tem a miscela com concentração em torno de 0,10 a 0,30% de óleo (1a miscela), e a miscela que sai da bomba P8 do tanque 17 (última miscela) possui entre 25 e 28% de óleo. Apesar de maior parte do óleo ser extraído pelo solvente, existe um residual em média de 0,8% de óleo no farelo, e também há a perda de 1 litro de solvente por tonelada de soja processada.
 
          3 - Evaporadores

          Um evaporador é constituído de uma câmara de aquecimento e uma câmara de evaporação, separadas por uma superfície metálica chamada de superfície de aquecimento da área de transmissão de calor. A forma e a disposição de ambas as câmaras, desenhadas para se conseguir um funcionamento eficaz e um valor máximo de coeficiente de transmissão de calor, variam de um tipo para outro de evaporador.
          Os evaporadores utilizados na Cocamar são evaporadores tubulares verticais, sendo um dos tipos mais conhecidos e utilizados. Este tipo de evaporador possui um corpo cilíndrico vertical e em sua parte inferior existe uma câmara anular de vapor atravessada por um feixe de tubos abertos nas extremidades, tendo esta caixa o nome de calandra. O líquido a evaporar que entra no feixe de tubos, adquire neles um movimento ascendente ao se produzirem as primeiras bolhas de vapor, e as porções do líquido do fundo terão que ser substituídos por outras que descem pelo conduto central, produzindo-se assim uma circulação ativa que facilita a evaporação. Todos os evaporadores da Cocamar trabalham sob vácuo (pressão menor que a pressão atmosférica).
 
          3.1 - Operação dos Evaporadores  

          A miscela que sai do extrator é uma mistura de hexano e óleo. Para a separação desta mistura são utilizados evaporadores, que como o próprio nome diz, evapora o hexano (mais volátil) e o óleo é retirado na parte inferior. A separação do solvente da miscela na fábrica da Cocamar é realizada por 4 evaporadores e 1 terminador colocados em série. A miscela resultante da extração contida no tanque 17 e com concentração entre 25 e 28% de óleo, é transportada pela bomba P8 para um filtro de segurança (para não passar farelo), e em seguida para o primeiro evaporador, chamado 60S1. Este evaporador é também conhecido como economizador, porque reaproveita o vapor saturado (hexano e água) que sai do dessolventizador-tostador (DT) para o aquecimento, e economiza-se desta forma vapor d’água; é nele que a maior quantidade de solvente é retirada. O evaporador 60S2 alimentado pela bomba P60S1, também é um economizador, porque o vapor restante do aquecimento do evaporador 60S1 que não foi condensado, é reaproveitado para o aquecimento, economizando-se assim novamente vapor d’água. O condensado proveniente dos evaporadores 60S1 e 60S2 é transportado por gravidade para o decantador 32A. Em seguida, a miscela entra no evaporador 18 através da bomba P60S2, onde este evaporador é aquecido com vapor d’água da caldeira. A miscela segue pela bomba P18 para o evaporador 18S que também é aquecido com vapor d’água. O evaporador 22 é o último evaporador, por isso é chamado de terminador, e é alimentado pela bomba P18S. O terminador, ao contrário dos demais evaporadores, é aquecido com vapor d’água direto e possui 12 entradas na parte inferior para isto; este também diferencia-se dos demais por ser o único a ser alimentado pela parte superior, para que entre em contracorrente com o vapor. Sabe-se que a maior parte do solvente é retirada com vapor indireto, sendo que o restante, de recuperação mais difícil, é separado no terminador por meio de vapor direto que atravessa a miscela, e que está altamente concentrada, arrastando os últimos vestígios de solvente pelas borbulhas. O óleo de saída do terminador é controlado pelo nível da tubulação, e alimenta um tanque pulmão por gravidade, e que por sua vez, utiliza-se da bomba P22S para transportar o óleo bruto para a etapa de degomagem.
          Para uma produção normal de 73 toneladas por hora, o evaporador 60S1 atinge uma temperatura média entre 40 e 45°C, e o evaporador 60S2 de 45 a 48°C. Esta temperatura pode ser controlada pela manipulação do DT, aumentando-se ou reduzindo-se a temperatura de tostagem. No evaporador 18 é utilizado a pressão de vapor em média de de 0,8 e 1 Kgf/cm2, objetivando-se manter a temperatura entre 75 e 80°C. A pressão de vapor do evaporador 18S é em torno de 2 a 3 Kgf/cm2, mantendo-se a temperatura entre 95 e 98°C. No evaporador 22 (terminador), a pressão fica em torno de 5 a 6 Kgf/cm2  de tal maneira a promover uma boa agitação, e temperatura entre 98 e 100°C. Um fator importante a se observar na etapa de evaporação é o controle da temperatura, pois uma alta temperatura faz com que haja uma fixação dos corantes no óleo, acentuando-se o seu escurecimento e dificultando-se posteriormente o branqueamento na etapa de refino. Os evaporadores operam a vácuo, o que faz com que seja necessário a utilização de temperaturas mais baixas devido a diminuição do ponto de ebulição do solvente. O vapor do solvente destilado nos evaporadores, são recuperados em seguida por condensadores.
          As análises mostram que a concentração da miscela, em porcentagem de óleo presente ficam aproximadamente:
          - P3A = 28 a 30%
          - P3B = 18 a 20%
          - P3C = 12 a 14%
          - P3D = 5 a 7%
          - P3E = 1 a 3%
          - P3F = 0,5 a 0,7%
          - P3G = 0,1 a 0,3%
          - P8 = 28 a 30%
          - P60S1 = 60 a 62%
          - P60S2 = 64 a 66%
          - P18 = 94 a 96%
          - P18S = 97 a 98%
          - P22 = 99,9%
          A concentração de hexano no óleo mineral utilizado para a absorção dos gases, é de aproximadamente:
         - P120 = 0,17 a 0,19%
         - P120 = 5 a 6%

          4 - Condensadores

          Para a recuperação do vapor de hexano, são utilizados condensadores com água a temperatura entre 30 e 35°C (depende da temperatura ambiente). São condensadores multitubulares, com o vapor no lado do casco e a água nos tubos com passagens múltiplas, e cujas dimensões são obtidas através das leis de transferência de calor; para se conseguir uma troca térmica eficiente, existem chicanas que “forçam” o vapor para um escoamento cruzado.

          4.1 - Operação dos Condensadores

          Existem 5 condensadores em operação com dupla passagem na Cocamar, onde todas as linhas possuem vácuo ou somente uma simples depressão.
          Os gases do dessolventizador-tostador que aquecem os evaporadores 60S1 e 60S2, e que ainda não condensaram, são puxados pela depressão para o condensador 20A, e em seguida para o 20B. A depressão é realizada por um ventilador ou o injetor 41-120, e que fica após uma coluna de absorção, que absorve os gases que não condensaram (flegmas). O extrator, o tanque de miscela, os tanques de solvente, a coluna de stripping e o decantador também possuem uma ligação com esta linha do condensador, porém com a finalidade de não deixar que a pressão aumente nestes equipamentos.
          Os gases de  hexano que sofrem uma destilação flash e saem pela parte superior nos evaporadores 60S1, 60S2, 18 e 18S, e são puxados pelo vácuo para o condensador 19A e, em seguida para o 19B os gases que não condensaram. Este vácuo é realizado pelo ejetor 41-19 na faixa de 300 a 400 mmHg. O evaporador 22 é puxado pelo vácuo para o condensador 23, que possui entre 400 a 500 mmHg de vácuo realizado pelo ejetor 41-23.

          5 - Ejetores

          O ejetor realiza a mesma função de uma bomba de vácuo, entretanto não possui partes móveis.
          Pode-se visualizar que o vapor d’água se expande no bocal “a”, a partir do qual ele sai com uma alta velocidade no espaço de misturação “b”, onde ele transfere parte do seu movimento linear ao vapor que entrou por sucção. Na seção do difusor “c”, a qual é o inverso de um bocal, os vapores misturados são comprimidos até atingir a pressão da câmara “P3”. O trabalho de compressão resulta da conversão de energia cinética da mistura com alta velocidade em carga de pressão. Logo o vapor a uma pressão baixa “P2” é arrastado e comprimido até uma pressão superior “P3” às custas da energia do vapor d’água. A pressão de vapor utilizada na entrada dos 2 ejetores é de 7 Kgf/cm2.
 
          6 - Decantação

          Todo o vapor saturado que é liquefeito nos condensadores é transportado para um separador de solvente e água, chamado de decantador. Este trabalha com base na diferença do peso específico, ou seja, o solvente que é mais leve (menos denso), flutua sobre a água que é mais pesada (mais densa); então o solvente separado é retornado novamente pela bomba P1 para o processo.
          A água vai para os 2 tanques 45 e pelo aquecimento, recupera-se o restante de hexano. O aquecimento dos 2 tanques 45 é realizado pelo vapor que é recuperado do condensado resultante do aquecimento do DT. Isto ocorre porque apesar do solvente e a água não serem miscíveis, uma pequena parte de solvente é absorvida pela água.
          Os condensadores 19A, 19B e 23, não descarregam o condensado diretamente no decantador devido ao alto vácuo a que estão submetidos. Por isso existe um tanque de equilíbrio que nada mais é que um quebrador de vácuo e que nestes é muito forte, o que que pode fazer com que o fluxo seja o inverso; este tanque alimenta a bomba P19 que transporta o condensado para o decantador. Porém, os condensadores 20 e 20A descarregam diretamente no decantador por estarem sobre a ação do mesmo injetor, portanto, com a mesma pressão.
 
          7 - Absorção e Stripping

          Absorção e Stripping são duas operações de transferência de massa do tipo líquido-gás, ou seja, envolve a transferência de componentes gasosos entre uma fase líquida e uma fase gasosa.
          A absorção visa retirar um ou mais componentes de uma mistura de gases pelo contato direto com um líquido. O stripping é a operação inversa e cujo objetivo é retirar os componentes mais voláteis de uma mistura líquida por meio de um gás que se faz passar pelo líquido e que com ele entra em contato direto. Tendo a gravidade um efeito maior sobre o líquido, é natural que o líquido flua para baixo contra a corrente gasosa ascendente. O fluxo contra-corrente assegura que o gás exaurido prestes a deixar a coluna encontre líquido fresco, o mais absorvente possível. Próximo a base da coluna, o líquido já contém muito gás dissolvido, mas encontra o gás mais rico, ainda sendo possível certa transferência. Na maioria dos casos empregam-se colunas de enchimento (Raschig), ( vulgarmente chamados de macarrão), para se obter uma boa distribuição do líquido ao longo da coluna (aumenta a área de contato), e para evitar formação de canais preferenciais, que dificulta o contato do gás com o líquido, o recheio deve ter o diâmetro de 8 a 10 vezes menor que o da coluna. Um bom material de recheio deve apresentar as seguintes características:
          a) alta resistência mecânica;
          b) baixo custo;
          c) baixo peso específico;
          d) apresentar o máximo de superfície por volume.
 
          7.1 - Operação das Colunas de Absorção e Stripping

          O elevado custo do hexano requer uma atenção especial, e para seu reaproveitamento promove-se o circuito extração, evaporação e condensação. Contudo, o vapor de recuperação do DT não é totalmente condensado, e por ser rico em hexano deve ser recuperado.
          Os gases do DT que percorrem todo o fluxo de aquecimento e não condensam, e ao chegarem no condensador 20A, há uma linha de recuperação dos gases não condensados, que é feita pela coluna de absorção 120. Este vapor entra na parte inferior enquanto o óleo mineral na parte superior, entrando em contato por contracorrente; o óleo entra com temperatura entre 25 a 30°C. Os gases na coluna de absorção 120 são puxados pelo exaustor (vácuo), ou também pode-se optar pelo ejetor 41-120 (vácuo mais forte). Esta coluna possui enchimento de plástico, por ser mais barato e pode ser empregada pelo fato desta coluna não operar com temperatura elevada. O óleo mineral com hexano absorvido é bombeado pela bomba P120 para um trocador de calor a placas, intercambiando calor com o óleo que sai quente da coluna de stripping. O óleo com hexano passa pelo aquecedor 180 para elevar a temperatura, e assim tornar mais fácil a dessorção; em seguida entra pela parte superior na coluna de stripping 122, e que por injeção em contracorrente de vapor d’água faz com que ocorra o fenômeno de dessorção do hexano. A pressão de vapor utilizada nesta etapa fica entre 1 a 1,5 Kgf/cm2, sendo que o óleo está a uma temperatura aproximada de 90 a 100°C. A coluna de stripping utiliza enchimento de aço por trabalhar em temperatura elevada. O hexano é condensado pelo condensador 23, retornando novamente ao processo pelo decantador. O óleo mineral usado na coluna de stripping é bombeado pela P122 para o trocador de calor a placas, que transfere calor para o óleo que está saindo da coluna de absorção. O resfriamento é completado com outro trocador de calor a placas, que transfere calor para a água. Desta forma, o óleo retorna novamente para a coluna de absorção 120, permanecendo por um longo período no processo sem que que seja necessário a complementação frequente causada por perdas. A vazão aproximada de óleo mineral que fica em circulação na etapa de absorção é de aproximadamente 6000 litros por hora.

          8 – Farelo de soja

          O farelo de soja é muito utilizado para a produção de rações animais por ser um alimento vegetal rico em aminoácidos essenciais, vitaminas, fatores de crescimento e componentes minerais.
          No início, este alimentos enfrentou certas dificuldades de aceitação devido a sua ação anti-tripsina, que impede a utilização completa de suas proteínas pelos ruminantes. O responsável por este acontecimento é um composto protéico tipo globulina que é composto de 194 aminoácidos, tendo nas pontas da cadeia polipeptídica, ácido aspargínico e leucina, respectivamente. Este fator paralisa a ação de uma enzima chamada “tripsina” (anti-digestiva). Posteriormente, experiências comprovaram que o aquecimento em ambiente úmido eliminava este problema. As altas temperaturas por tempo prolongado no preparo de alimentos e longos períodos de armazenamento afetam o valor nutritivo pela destruição ou inutilização de determinados ácidos essenciais.
          As proteínas são substâncias muito complexas, compostas de aminoácidos, e que durante a digestão dos alimentos são dissociados nesses aminoácidos, sendo dissolvidas na corrente sanguínea. Alguns aminoácidos mais simples podem ser elaborados pelo próprio organismo, mas existem aqueles que devem ser fornecidos pela alimentação, que são conhecidos como aminoácidos essenciais. Existem dez aminoácidos essenciais e a falta de apenas um deles é suficiente para limitar o uso de todos os outros, reduzindo-se assim a eficiência da ração inteira.
          Alguns problemas com relação a certos componentes presentes no farelo e que agem como toxinas para os organismos, ou ainda diminuem a digestibilidade das proteínas, podem causar por exemplo:
          a) bloqueamento do aminoácido chamado metionina;
          b) inibição da ação da enzima digestiva tripsina (enzima anti-digestiva);
          c) diminuição da digestão das proteínas;
          d) aceleração da aglutinação dos glóbulos vermelhos do sangue (enzima hemaglutina);
           e) efeito de oxidação de óleos através de ação lipoxidase.
          No início do século XX começaram a surgir trabalhos apresentando um melhor valor nutririvo do farelo de soja tostado, sendo de autoria de T. B. Osborne e L. B. Mendel. Este processo chamado de “toasting”, ou também, tostagem, visando eliminar os fatores negativos, deve ter um controle bastante apurado, pois se for mal tostado, poderá não eliminá-los totalmente e, por outro lado, a tostagem em excesso pode tornar as proteínas insolúveis e destruir alguns aminoácidos essenciais, diminuindo-se as possibilidades de aproveitamento das referidas proteínas pelos organismos dos animais. O processo de tostagem deve priorizar os seguintes aspectos:
          a) A eliminação dos fatores negativos (hemaglutina e anti-tripsina);
          b) Preservar ao máximo as proteínas do farelo, que são termosensíveis;
          c) Manter uma produção do farelo uniformemente tostado.
          O aminoácido essencial que limita o aproveitamento das proteínas do farelo é a metionina, cuja resistência ao calor se aproxima muito a do fator anti-tripsina, e isto significa que sempre existe uma certa perda de metionina na tostagem do farelo, por isso existe o cuidado para não haver uma tostagem excessiva do farelo.
 
          8.1 - Operação do Dessolventizador-Tostador

          O farelo de soja que sai do extrator segue pela rosca 4 e em seguida pelo redler 5 para o dessolventizador-tostador 70, também conhecido pela abreviatura de DT. O DT possui 5 estágios com aquecimento indiretos e 1 direto com vapor d’água, sendo que nas camisas a pressão atinge aproximadamente 10 Kgf/cm2 e 0,5 Kgf/cm2 para o vapor direto na parte inferior do DT, considerando-se uma produção normal de 73 toneladas por hora. A temperatura do farelo do DT é em média de 40°C no 1° estágio (entrada do DT), 50°C no 2° estágio, 55°C no 3° estágio, 80°C no 4° estágio e 85°C no 5° estágio (saída). Esta diferença de temperatura entre os estágios ocorre porque quanto mais alto o estágio, maior será a quantidade de hexano no estado gasoso, promovendo um decréscimo na temperatura. Estas temperaturas ao longo do DT são suficientes para a recuperação do hexano contido no farelo, e não podem ser elevadas para não desnaturar os aminoácidos essenciais que o farelo contém. Em todo o processo existe uma perda aproximada de 0,8 litros de solvente por tonelada de soja processada, e esta marca foi atingida principalmente pela excelente recuperação de solvente que o DT promove, mantendo-se 300ppm de solvente no farelo dessolventizado.
          O farelo entra pela parte superior do DT na eclusa 8B, e nele existem os chamados “facões” que mexem a massa e também são responsáveis pelo transporte do farelo ao longo dos estágios do DT. A massa é transferida para o próximo estágio quando atinge uma altura estipulada, e que faz com que o pendente seja elevado, de modo que é acionado o medidor de nível mássico que determina que as comportas devem ser abertas; existem também as comportas manuais que trabalham semi-abertas e podem ser manipuladas pelo operador. No 1?, 2? e 3? estágios, o pendente aciona por gás comprimido uma válvula de diafragma que abrem as comportas, e no 4? e 5? estágios os pendentes acionam um pistão pneumático para que as comportas sejam abertas. O farelo passa pelos estágios até chegar na parte inferior do DT, alimentando a eclusa 9C (esta funciona variando sua freqüência em função da carga de farelo) que despeja o farelo no redler 9 e em seguida para a secagem. O farelo demora nesta etapa dentro do DT em média de 30 a 40 minutos, desde a entrada na parte superior até saída na parte inferior.

          9 - Condensado

          Atualmente é dirigida uma atenção especial ao reaproveitamento do condensado proveniente de trocas térmicas. Isto porque o vapor d’água ao trocar calor se condensa, trocando desta forma calor latente, ou seja, o condensado ainda possui calor sensível. Quando este condensado é reaproveitado, é exigido apenas a energia para reevaporar este líquido novamente, fazendo-se assim uma economia de energia, o que pode se traduzir em uma redução de custos.
          Na extração da Cocamar, o reaproveitamento de condensado é feito pelo balão 46, que recebe o condensado de toda a extração (extrator, evaporadores, DT, etc) e também da etapa de preparação. A temperatura que este condensado retorna para a caldeira é de 100 a 130°C.



 
 
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